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Sexta-feira, 23 de Fevereiro de 2007

O "Auto da Barca do Inferno" do século XXI

    Muitas das críticas que Gil Vicente fez no "Auto da Barca do Inferno" são actuais: a tirania, a mentira, a injustiça, a corrupção são vícios de ontem e de hoje. No entanto, se a peça tivesse sido escrita no nosso tempo, outros seriam os protagonistas de tais vícios.

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 Naquele tempo, o Fidalgo estava convicto que a sua condição social tudo lhe permitia sem ter que prestar contas a ninguém.  Hoje em dia, ainda há quem pense deste modo, apesar de a Constituição da República Portuguesa no seu artigo 13.º afirmar que "todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei". Na verdade, na sociedade actual continua a existir gente privilegiada ou pelo seu estatuto social ou pelas suas posses.

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   O Onzeneiro emprestava dinheiro a juros, processo de empréstimo completamente aceite, banalizado e até essencial nos nossos dias. Nos dias que correm, o substituto do Onzeneiro é o banco ou os bancos, pois são eles que emprestam dinheiro e cobram os respectivos juros. Neste sentido, quer o Onzeneiro, no tempo de Gil Vicente, quer os bancos, no nosso tempo, exploram aqueles que mais necessitam.

  O Sapateiro era uma personagem que explorava os seus clientes levando a cada um o dinheiro que bem entendia pelo trabalho praticado. Nos tempos de hoje, existe a Defesa do Consumidor ou Instituto do Consumidor destinado a "promover a política de salvaguarda dos direitos do consumidor...". Apesar da existência deste instituto, assistimos diariamente a queixas de cidadãos que se sentem burlados e enganados.

 O Corregedor do "Auto da Barca do Inferno" não era um bom servidor da justiça. Como podemos constatar a propósito da cena do Fidalgo, no séc. XVI, a justiça não era igual para todos, pois nem todos estavam sujeitos à mesma lei, o que hoje seria inaceitável nas sociedades contemporâneas e democráticas , onde a justiça tende a ser cada vez mais aperfeiçoada, mais justa. Actualmente, a justiça não visa apenas o castigo, mas procura ajudar aqueles que erraram a tornar-se pessoas melhores.

 Portugal esteve ligado à criação da "Amnistia Internacional" organização que defende o direito dos presos e que luta contra a pena de morte. Assim, o quadro do Enforcado presente no "Auto da Barca do Inferno" será impensável na sociedade portuguesa e outras. No entanto, a pena de morte continua a existir em muitos países, mesmo em países considerados civilizados como os Estados Unidos. O caso mais recente e exemplificativo da existência e prática da pena de morte é a execução de Saddam Hussein.

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  A partir dos exemplos citados, podemos concluir que a obra "Auto da Barca do Inferno" continua actual, pois os erros cometidos no séc. XVI, continuam a repetir-se no presente século.

publicado por F. C. Vermoim às 13:12
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